“Se é possível até transformar lixo em música, como não seria possível transformar a realidade do nosso Estado?”. Foi com esta pergunta que o governador Simão Jatene iniciou o discurso de encerramento do I Seminário Estratégia e Profissionalização na Gestão Pública, realizado durante toda esta quarta-feira, 21, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém. A fala – destinada a gestores, diretores e técnicos de áreas estratégicas da administração estadual – fazia referência à história da Orquestra “Los Reciclados” (ou The Recycled Orchestra, na tradução para o inglês), um conjunto musical nascido no interior de um lixão localizado em um bairro pobre da cidade de Assunção, no Paraguai. Os músicos utilizam restos dos mais variados tipos de objetos encontrados entre os detritos para construir os instrumentos que estão mudando a vida daquela comunidade, exemplo de rara superação e criatividade que está levando o grupo a se tornar famoso em todo o mundo.
Mas o que essa emocionante história – contada em um vídeo exibido para a plateia do Seminário, a pedido do governador – tem a ver com a gestão pública de um estado tão distante, localizado no coração da Amazônia brasileira? Para Simão Jatene, tudo. Principalmente porque está mostrando a vitória de uma população que se uniu em prol de uma causa, a música. “Acho que o nosso grande desafio é, cada vez mais, substituir a luta por coisas pela luta por causas. Recentemente, um grande jornal de circulação nacional publicou matéria que revela uma realidade delicada: dos 27 estados brasileiros, 20 estão vivendo em condição crítica, com corte de investimentos e até demissão de servidores. Se pararmos para pensar sobre isso e sobre a condição do Pará no cenário da federação brasileira, chegaremos à conclusão de que somente um enorme esforço coletivo está garantindo que não estejamos nessa mesma condição. Temos um dos piores orçamentos, uma renda per capita que é metade da média nacional e uma permanente e histórica dificuldade de financiamento dos serviços públicos. Mesmo assim, estamos conseguindo realizar projetos e fazer investimentos. Isso, certamente, não pode ser creditado ao esforço de um, mas a um grande esforço coletivo”, ressaltou.
O maior exemplo dessa mobilização, segundo o governador, é o Pacto pela Educação do Pará, projeto que une poder público, inciativa privada e sociedade em geral com o objetivo de melhorar a qualidade da educação no Estado. “Conseguimos construir algumas condições que nos permitem enfrentar entraves históricos. O Pacto pela Educação talvez seja, hoje, o projeto que mais concentra as minhas preocupações, porque estou convencido de que se nós não aproveitarmos este momento, esta condição, talvez percamos uma chance histórica que, provavelmente, muitos de nós não vivenciaremos novamente. É a possibilidade de, daqui a 20 anos, ver esse Estado vivendo um novo tempo. Não aquele 'novo tempo' recorrente nas promessas de véspera de eleições, mas aquele construído com o suor, sonhos e trabalho de muitos”, enfatizou.
Para Simão Jatene, o Pacto pela Educação do Pará localiza-se dentro de um dos dois principais campos de luta que precisam ser enfrentados pelo Pará: o da transformação interior, da mudança de valores e de práticas sociais. A outra luta seria por uma nova colocação do Estado dentro do pacto federativo. “Depois de passar todo o dia de hoje aqui na companhia de vocês, vendo com que atenção acompanharam cada assunto colocado, e acreditando em vocês mesmos como construtores da maravilhosa história do Pará, só posso dizer muito obrigado. Que a história desses meninos e meninas do lixão que vimos aqui sirva de incentivo, seja um estímulo a mais para dizer que é hora de avançar na compreensão do que é o nosso Estado não só em termos de possibilidades, mas também de desafios”, frisou.
Pacto – Antes da fala do governador Simão Jatene, que encerrou o Seminário, o secretário Especial de Promoção Social, Alex Fiuza de Melo, apresentou à plateia o Pacto pela Educação do Pará. Segundo ele, o Estado conta hoje com três condições que podem alavancar a educação: vontade política; recursos da ordem de 350 milhões de dólares, vindos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a possibilidade de estabelecer parcerias com a iniciativa privada. De acordo com o secretário, o Pacto pela Educação está trazendo as melhores tecnologias de educação no mundo para que se possa elevar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica do estado a 30%, que é a média nacional, ainda não alcançada.
Texto:
Elck Oliveira - Secom
Foto: Sidney Oliveira/Ag. Pará