Neste sábado (8) é comemorado o Dia Internacional da Mulher, data escolhida em homenagem às mulheres que morreram queimadas em uma fábrica em 1857, em Nova Iorque (USA), por estarem em greve em busca da igualdade de direitos trabalhistas e tratamento digno no ambiente de trabalho. Desde então, muita coisa mudou no mundo. As mulheres conquistaram direitos e ganharam espaço no mercado de trabalho.
Segundo informações da Secretaria de Administração do Estado (Sead), o número de mulheres no serviço público paraense vem crescendo desde 2005. Hoje, 51% dos servidores públicos estaduais são do sexo feminino, sendo que elas já ocupam 40% dos cargos de confiança na administração estadual.
Atualmente, apesar de ainda enfrentarem dificuldades e preconceitos, muitas mulheres ocupam cargos e desempenham atividades que antes eram exclusividade masculina, como no caso de Ivani Palha, primeira investigadora concursada da Polícia Civil do Pará. Com 36 anos de profissão, Ivani nem pensa em aposentadoria. Apaixonada pelo que faz, ela conta que, durante o desempenho de sua função, nunca sofreu preconceito, mesmo na época em que era novidade ter policial feminino na corporação.
“Fui muito bem acolhida desde o início. Eu trabalhava há quatro anos como agente administrativo da Polícia Civil, antes de passar no concurso para investigadora. Então, quando entrei já conhecia todo mundo. Me orgulho muito do meu trabalho e das conquistas das mulheres, não apenas na polícia, mas em todas as áreas. As mulheres estão na linha de frente e isso é admirável”, disse Ivani.
Hoje, a Polícia Civil possui 180 investigadoras. As mulheres também ocupam funções de auxiliar técnico, escrivã, papiloscopista, motorista policial e delegada. Leomar Pereira, diretora de Recursos Humanos da Polícia Civil, é uma das 183 delegadas de polícia do Pará. Para ela, é um orgulho ocupar um cargo de chefia e ver o crescimento das mulheres que fazem carreira na polícia.
“As coisas eram mais difíceis há alguns anos. Quando assumi meu primeiro plantão entrei chefiando e era a única mulher de toda a equipe. Os concursos públicos abriram as portas para as mulheres nessa profissão, que exige o curso de Direito. No concurso realizado em 1990, quase metade do efetivo foi de mulheres”, lembra a delegada.
Leomar Pereira destaca que, das 13 diretorias do órgão, nove são lideradas por mulheres. Ela acredita que as mulheres deram uma nova cara para a polícia, um “processo de evolução percebido pela sociedade. Atualmente, a polícia é prestigiada e até as universidades procuram por estágio para os alunos”.
A evolução no trabalho, porém, é apenas mais um dos muitos papéis desempenhados pelas mulheres. “Ser uma mulher delegada é difícil. Imagina o que é fazer ronda quando se está grávida? Além do nosso papel como profissional, temos vários outros a desempenhar, como mãe, esposa e filha. Na condição de mulher, temos que dar conta de tudo isso sem deixar de cumprir a nossa missão profissional”, reitera a delegada.
Ser multifuncional é a principal característica feminina na opinião da secretária de Estado de Administração, Alice Viana. Responsável pelo gerenciamento de R$ 407 milhões por mês em folhas de pagamentos, ela diz que o cargo é um desafio, não pela condição de ser mulher, mas pela responsabilidade com o conjunto de servidores estaduais.
“É um desafio e uma superação diária. É uma atividade extremamente complexa, pois lidamos com a vida de milhares de servidores públicos. Sempre que é necessário passar por uma tomada de decisão, todos os detalhes requerem uma atenção especial. Por isso, sempre busco dar o melhor de mim profissionalmente”, conta Alice Viana.
A titular da Sead admite que sofreu preconceito no trabalho por ser mulher, mas que foram casos isolados, os quais não afetaram seu desempenho nas tarefas e nem a ameaçam como mulher. Ela avalia de forma positiva a consolidação das mulheres no mercado de trabalho. “Acho que cada vez mais a mulher se firma no mercado, conseguindo conciliar suas múltiplas tarefas e tendo a sensibilidade de não se deixar endurecer pela rotina de trabalho. Já provamos que estamos em pé de igualdade com os homens. O crescimento e a ocupação desses espaços demonstra isso”, acrescenta.
Estatísticas
Estudos realizados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)/Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD/2012), divulgados em 2014, apontam que o número de mulheres chefes de família no Brasil cresce a cada ano.
Na Região Norte, por exemplo, em 2011 cerca de 1,7 milhão de mulheres eram chefes de domicílios. Em 2012, estes números passaram para cerca de 1,8 milhão. No Pará, o número de mulheres chefes de domicílio passou de 804,5 mil, em 2011, para 805,8 mil, em 2012.
Como chefes de famílias, as mulheres têm a responsabilidade de entrar e se manter no mercado de trabalho. O Pará possui mais de um milhão e meio de mulheres em condições de exercer uma atividade remunerada, e destas, cerca de 1,4 milhão estão trabalhando. Das mulheres que têm ocupação, 40,98% possuem carteira assinada.
A estabilidade no emprego foi o que motivou a agente de trânsito Kátia Cruz a prestar concurso público para o Departamento de Trânsito do Pará (Detran), depois de anos de trabalho na área de psicologia de trânsito. A nova profissão pegou a família da profissional de surpresa e muitas coisas na nova atividade surpreenderam Kátia.
“A mudança mais drástica foi o uniforme. Eu trabalhava de vestido, jaleco e salto alto, e passei a usar uniforme e coturno. Todo mundo em casa estranhou, mas todos apoiaram. Eu fui me acostumando com a nova vestimenta, recebi apoio do meu marido, fui ganhando experiência, e mesmo em uma área dominada por homens ganhei meu espaço, sem deixar de ser mulher”, conta ela.
O trabalho feminino é visto com bons olhos pelos homens. Para Walisso Souza, gerente de Fiscalização do Detran na capital, as mulheres se destacam no desempenho das suas funções e conquistam seus espaços.
“Este ano criamos uma equipe exclusivamente feminina para a fiscalização de trânsito. Começou com uma experiência, e deu tão certo que resolvemos manter a equipe, que consegue fazer fiscalização de veículos no centro da cidade sem causar congestionamento. Um feito que merece ser destacado”, afirma.
Alice Calixto, servidora da Universidade do Estado do Pará (Uepa) há mais de 12 anos, só confirma o quanto as mulheres são seres grandiosas e detentoras das mais variadas qualidades e características. Além de trabalhar no gabinete da vice-reitoria, ela acaba de se graduar em Pedagogia também pela Uepa. Passou quatro anos como aluna junto com seu filho mais velho, Ícaro Calixto, que também se formou ano passado em Fisioterapia. “Acabei de receber meu diploma e de formar meu filho. Essas duas conquistas foram meus maiores presentes em 2013. Mas a luta continua. Ainda tenho uma filha de 20 anos que também vai prestar vestibular para a Uepa”, acrescenta.
FOLHA DE PAGAMENTO DO ESTADO
Dezembro de 2010
Homens: 60.900
Mulheres: 65.332
Total: 126.232
Fevereiro de 2014
Homens: 51.685
Mulheres: 53.263
Total 104.948
NÍVEL DE ESCOLARIDADE
Mulheres
Doutorado: 57
Mestrado: 501
Pós-Graduação: 3561
Superior completo: 22.288
Superior incompleto: 2.222
Texto: Dani Filgueiras
Secretaria de Estado de Comunicação