A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) realiza 26 a 28 de março, na Escola de Governo do Pará, a Oficina de Capacitação em Comitê de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, com a participação de profissionais que atuam nos comitês/comissões dos onze Hospitais Amigos da Criança. O objetivo é implementar as ações de Vigilância do Óbito Materno e Infantil no Estado.
Participam do evento profissionais dos Hospitais de Clínicas Gaspar Vianna, Santa Casa, Ordem Terceira e Beneficente Portuguesa (Belém); Santo Antônio Maria Zaccaria (Bragança); Santo Antônio (Alenquer); Anita Gerosa (Ananindeua), Divina Providência (Marituba).
Atualmente, a razão de mortalidade materna no Pará é de 60 por 100 mil nascidos vivos e a de mortalidade infantil (0 a 364 dias de vida) encontra-se em 17,09 óbitos por mil nascidos vivos. Dos óbitos infantis, 64,12% são neonatais e desses 76,46 são mortes precoces, ou seja, ocorrem na primeira semana de vida.
Segundo a coordenadora estadual de Saúde da Criança, Ana Cristina Guzzo, a investigação desses óbitos é de fundamental importância para a definição de estratégias e planejamento de ações efetivas para impactar na redução da mortalidade materna e infantil no Pará. “Então, todo Hospital Amigo da Criança deve possuir Comitê de investigação de óbitos maternos, infantis e fetais implantado e atuante”, enfatizou a coordenadora, “e cabe ao Comitê Estadual de Mortalidade Materna e Infantil impulsionar as investigações de óbitos em nível institucional, municipal e regional.
Ana Cristina disse que o Comitê Estadual e a Sespa têm atuado capacitando profissionais em todos os municípios paraenses sobre a necessidade de bom funcionamento da Vigilância do Óbito Materno e Infantil, porque sem essas informações, a gestão de Saúde fica sem saber o que, de fato, está levando mulheres e crianças a morrerem e medidas de controle e prevenção não podem ser tomadas.
O que Ana Cristina percebe é que ainda há pouca valorização da investigação do óbito materno e infantil nas instituições hospitalares. Ela ressaltou a necessidade de haver atualização nos processos de trabalho dentro das instituições. Como exemplo, ela citou a classificação de risco na entrada da gestante na unidade hospitalar, que, em muitos locais, é feita por atendentes. “Como pode uma pessoa que não é da área de saúde saber se a hora do parto está ou não próxima?”, questiona a coordenadora. “mas isso acontece”, complementou.
De acordo com Ana Cristina, os municípios recebem capacitação, mas não conseguem cobrar e fazer com que os hospitais mudem a forma de trabalhar, implantem seus comitês e os façam funcionar como devem. “Analisar os dados é fundamental, mas nenhum município faz isso”, lamentou a coordenadora.
A próxima tentativa da Coordenação Estadual de Saúde da Criança será trazer a Belém a pediatra e consultora do Ministério da Saúde, Sônia Lansky, para que conte a sua experiência bem sucedida no município de Belo Horizonte. “Será mais uma forma de convencer os profissionais e gestores de saúde sobre a importância da Vigilância do Óbito Materno e Infantil”, disse Ana Cristina. “Temos que acabar o “sempre foi ou fiz assim”, criticou a coordenadora. Apesar das dificuldades enfrentadas nesse trabalho, Ana Cristina acredita que o Pará não está longe de mudar essa realidade. Para ela, “O Programa Mais Médicos está fazendo a diferença nos municípios, melhorando a qualidade do pré-natal na Atenção Primária”, concluiu.
Texto: Roberta Vilanova / Sespa